António Sapage

Grande colecionador de arte chinesa, constituiu durante mais de 30 anos uma coleção de enorme prestígio internacional que, embora tenha sido objeto de numerosas tentativas de aquisição, por parte de diversos museus, foi adquirida por entidades de Macau e oferecida ao Museu do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM).

Uma parte significativa do acervo de porcelana chinesa, exposta no Museu do CCCM, tem origem na referida coleção de António Sapage, cobrindo um período de mais de 6 mil anos, do Neolítico à dinastia Qing e narra a História de uma cultura e civilização ímpares, ilustrando também a singularidade da cidade oriental e da sua vivência.

António dos Santos Sapage nasceu em Macau em 1949 e, apenas com 20 anos, foi trabalhar para Hong Kong, tendo desde logo começado a interessar-se por arte chinesa, passando a desempenhar importante papel no mercado especializado internacional, e a colaborar com as grandes leiloeiras, designadamente a Sotheby’s e a Christie’s em Nova Iorque, Londres, Amesterdão, Mónaco e Hong Kong.
Peças da sua colecção figuraram em numerosas exposições internacionais. Publicou diversos artigos, sendo de referir o artigo “Porcelanas do Comércio Luso-Chinês”, publicado em 1993 na Revista “Oceanos” da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.

Foi vice-presidente da Associação dos Coleccionadores de Macau, director honorário permanente da Associação de Peritos e Coleccionadores de Antiguidades Chinesas da Província de Guandong, Membro do Museu Society de Hong Kong e do Oriental Ceramic Society de Londres.

Em Macau, António Sapage foi também responsável pela classificação do espólio arqueológico e ruínas da Igreja da Madre de Deus e do Colégio de São Paulo. Em 1999 António Sapage foi agraciado pelo Governo de Macau com a Medalha de Mérito Cultural.

Foi ainda consultor do Governo de Macau, tendo em vista assessorar o CCCM na aquisição de peças, a nível nacional e internacional, que pudessem enriquecer a Colecção oferecida ao Centro, tendo em vista completá-la com peças suscetíveis de testemunhar a influência que a Arte Chinesa teve no Ocidente, designadamente em Portugal.

Fontes consultadas:
“A Porcelana Armoriada da Colecção do Centro Científico e Cultural de Macau: Uma Análise Histórico-Artística e de Mercado” (Dissertação de Mestrado), Vera Maria Carvalho Bello Dias, Instituto Universitário de Lisboa, 2012
Boletim Oficial de Macau, I Série, N.º 39, 27/09/1999, Macau
“Do Neolítico ao último Imperador: a perspectiva de um coleccionador de Macau”, Instituto Português do Património, Lisboa, 1994
“Pousadas” (revista), Outono, 1995, Lisboa