“A Abelha da China”

SINOPSE

Este volume de estudos de diversas áreas das humanidades tem por foco o primeiro jornal de Macau em língua portuguesa. Imbuída das doutrinas liberais, A Abelha da China foi uma breve, mas intensa publicação periódica (1822-23) que veio dar corpo à ideia de que não há verdadeira liberdade sem imprensa e sem a liberdade desta.

Plenamente alinhada com os debates do seu tempo, o seu projeto seria tomado por outros agentes políticos. Todavia, o seu legado de insubmissão acabaria por vingar. Jornal que fez as vezes de boletim oficial, e também de arena de confronto político, não descurou uma dimensão cultural e até literária, pois trazia em si a missão de instruir os seus leitores e de denunciar a tirania absolutista que, mais tarde, em refluxo, se apoderaria do próprio jornal.

Assistimos também na Abelha às primeiras articulações de uma ideia de autonomia sempre ligada à oligarquia local. Nesse sentido, o jornal mostra também as alianças e os contactos múltiplos que o atravessam: com a China, onde sempre se enraizou, a Metrópole, o Brasil e Goa. Por entre as suas páginas circulam figuras e influências de todas as proveniências, mostrando como Macau se integrava plenamente nos movimentos políticos e culturais do seu tempo, e onde a comunidade chinesa se encontrava ativa face a eles. E daí os casos, as figuras e os confrontos que gravitam em seu tomo, e que os ensaios de historiadores e críticos da cultura e do jornalismo dissecam nesta obra: Jin Guoping, Cátia Miriam Costa, Jorge Arrimar, Pablo Magalhães e Tereza Sena. Duzentos anos depois, este livro mostra um renovado interesse na história de Macau, na história do jornalismo na China e em língua portuguesa, na história sociopolítica e cultural do território. O pólen que a Abelha trouxe consigo – com seu trabalho e coragem – aqui está.