Lançamento dos Livros “A China nas Relações Internacionais” e “As Dinâmicas Terrestre, Marítima, Digital e Ecológica da Faixa e Rota Chinesa” de Paulo Duarte
No próximo dia 6 de Novembro, pelas 16h30, terá lugar no Auditório do CCCM o lançamento dos livros A China nas Relações Internacionais e As Dinâmicas Terrestre, Marítima, Digital e Ecológica da Faixa e Rota Chinesa de Paulo Duarte.
As obras serão apresentadas pelas Professoras Cátia Miriam Costa e Fernanda Ilhéu.
A China nas Relações Internacionais
Organizada em nove capítulos, esta monografia visa analisar criticamente os fatores domésticos e de política externa chinesa, bem como a interação harmoniosa entre estes sob o escrutínio quer da audiência doméstica chinesa, quer da própria comunidade internacional. Trata-se de uma obra generalista acerca da China contemporânea, caraterizada por um estilo ensaísta, o qual não pretende abordar de forma detalhada cada ponto. Optou-se por deixar ficar de fora da análise regiões que já têm sido alvo de uma investigação sistemática, como sejam África, Taiwan, o Sudeste Asiático, aproveitando, ao invés, para dar a conhecer outras áreas tão ou mais importantes para a China, pese embora menos mediatizadas. À guisa de conclusão, embora santuários das Relações Internacionais, protegidos por tratados específicos que proíbem a exploração económica ou militar pelos estados, os capítulos 9 e 10 baseiam-se num pressuposto realista de que as fronteiras podem ser maleáveis (contraindo-se ou expandindo-se conforme os imperativos económicos) para estados que como a China são grandes do ponto de vista territorial e populacional. Não, surpreende, por conseguinte que haja uma continuidade da visão realista que a China persegue no Mar do Sul da China onde paulatinamente constrói ilhas artificiais, para outras geografias tidas como proibidas ou improváveis, se atentarmos nos contornos factuais da presença e interesses chineses nessas regiões, ainda que mais subtis e dificilmente perceptíveis.
As Dinâmicas Terrestre, Marítima, Digital e Ecológica da Faixa e Rota Chinesa
Pretende-se, com esta monografia, realçar a dimensão holística da Faixa e Rota Chinesa (FRC), o projeto de bandeira de Xi Jinping não só para o século XXI, como para os vindouros. Desta forma, e para melhor ajudarmos o leitor a refletir acerca da grandiosidade desta Iniciativa, decidimos fazer corresponder a cada corredor da FRC um exemplo prático. Assim, e começando pelo corredor terrestre da FRC, mais conhecido por Cinturão Económico da Rota da Seda, achámos pertinente focar o caso da Arménia, um país do Sul do Cáucaso que, desde dezembro de 2015, é membro da FRC. Não obstante o potencial geoestratégico da Arménia, o contributo do país permanece ainda por explorar no âmbito da FRC. No que respeita à componente marítima da FRC, conhecida por Rota da Seda Marítima do Século XXI, decidimos concentrar a nossa análise no Atlântico Sul, mais precisamente no Golfo da Guiné. Apesar de ter chegado mais tarde ao Atlântico do que a outros oceanos, a Rota da Seda Marítima tem, no caso do Golfo da Guiné, uma região rica em recursos e de inegável importância numa lógica de proteção das linhas marítimas de comunicação, pese embora, até ao presente, algo marginalizada pela literatura. Uma vez que além da terra e do mar, a FRC também se projeta e materializa na esfera digital, esta monografia não podia deixar de abordar os contornos da Digital Silk Road (DRS), enquanto terceiro corredor da Iniciativa chinesa. Dedicamos a nossa atenção ao plano doméstico chinês – no qual o Sistema de Crédito Social e a Great Firewall da China proporcionam exemplos interessantes do uso do setor digital como instrumento de resiliência do regime – mas também ao plano externo, dada a tendência significativa de globalização que a DSR tem conhecido. Por fim, terminaremos com um outro corredor da FRC, mais recente que os anteriores, mas não menos interessante. A Rota da Seda Verde atesta, na verdade, a versatilidade de a FRC se expandir também no plano da sustentabilidade, demonstrando que a China está hoje empenhada em ser um ator proativo em matéria de governação ambiental. Embora o esteja a fazer algo tarde e por reatividade – por um lado porque Pequim percebeu que o progresso e a poluição não são compatíveis, e, por outro, porque a própria comunidade internacional tem pressionado a China a ser um ator mais responsável – a verdade é que os avanços na ecologização da FRC são consideráveis e promissores. Tendo em conta que a essência do planeamento chinês é, fundamentalmente, orientada para o longo prazo, esta monografia comunga da visão de que é necessário mais tempo do que os cerca de 10 anos decorridos desde o lançamento da FRC, para julgar, com rigor, a eficácia da Iniciativa.
Paulo Afonso Brardo Duarte é Professor Auxiliar na Universidade Lusófona (Porto) e Professor Auxiliar Convidado na Universidade do Minho (Braga), Portugal. É doutorado em Ciência Política pela Universidade Católica de Lovaina (Bélgica) e possui um pós-doutoramento em Relações China-UE (Universidade do Minho).
Date
- 06 Nov 2024
- Expired!
Time
- 16:30 - 18:00