Conversas Sábias com Maria José de Freitas
PATRIMÓNIO PARTILHADO NO SUDESTE ASIÁTICO: MODOS DE OLHAR
Desde sempre o património partilhado tem despertado interesse e é esse o contexto em que vivemos nas grandes cidades, sujeitas a várias apropriações, incursões e experiências ao longo do tempo. No Sudeste asiático, em resultado das ocupações sofridas entre os séculos XVI e XIX, ocorreram grandes transformações que conduziram ao aparecimento de conjuntos monumentais ligados à religiosidade e ao poder militar, ou ainda a outras arquiteturas de índole civil, que passaram a constituir exemplares do encontro cultural entre o ocidente e o oriente. Muitos desses edifícios permaneceram até hoje, alguns deles são classificados, outros pertencem ao património da humanidade. Por serem classificados estão sujeitos a um especial cuidado, assumem relevância e têm uma história para narrar (Hall, 1999; Smith, 2007). As narrativas são percebidas de modo diferente por quem as vive, observa, conta ou imagina (Anderson, 2017). A “conversa” de hoje tem a ver com as diferentes perceções que o património partilhado suscita e resulta da análise que, como membro do ICOMOS, tenho feito sobre o modo como o encontro civilizacional transcrito na arquitetura e urbanismo é percebido em diferentes ocasiões por distintos “modos de olhar” (Rossa & Ribeiro, 2015).
Maria José de Freitas é arquiteta, doutorada em Património Mundial de Influência Portuguesa, pela Universidade de Coimbra, Portugal. A sua tese incide sobre a Multiculturalidade de Macau, 24 anos após a transferência de soberania. Profissional ativa, é autora de vários projectos de remodelação e revitalização arquitetónica em Portugal e na China, com especial incidência em Macau. Recebeu o Prémio ARCASIA, na categoria de Reabilitação Arquitetónica em 2002, com o projeto de Musealização de 5 Casas Patrimoniais, na Ilha da Taipa, Macau.
Em 1993 realizou o projeto de Remodelação do Teatro D. Pedro V, em Macau, incluído na Lista do Património Mundial, UNESCO 2005. Em 1994 foi responsável pela Coordenação da Revitalização das Ruínas de S. Paulo, monumento também inscrito na Lista do Património Mundial, UNESCO 2005. Entre 2003 e 2005, foi Coordenadora do Núcleo do Património Mundial de Sintra – UNESCO 1995 – responsável pelo Plano de Gestão da Paisagem Cultural de Sintra, em Portugal. Em 2013, durante o 8º Silk Road Mayors Forum, foi nomeada Embaixadora da WCO (World Citizens Organization).
É Presidente do Grupo Cientifico do ICOMOS “Património Construído Partilhado”, na sigla inglesa ICOMOS-ISCSBH. É membro do Conselho do Património Cultural de Macau desde 2023. É, igualmente, membro de associações internacionais ligadas à arquitetura e ao património: ICOMOS, AAHM, OA, AAM, UIA, AIA.
Date
- 03 Oct 2024
Time
- 17:30 - 18:30