A língua portuguesa na Ásia e no Pacífico

CURSO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA

Coordenador

Hugo Cardoso

Descrição do Curso

Englobando algumas das regiões do mundo com maior diversidade linguística, a Ásia e o Pacífico produziram e continuam a produzir inúmeras situações de multilinguismo e intenso contacto linguístico. A chegada e difusão da língua portuguesa, a partir do início do século XVI, apenas constituiu um acrescento a uma paisagem linguística já extremamente complexa. Contudo, o português teve, nestas regiões, um impacto considerável (até na medida em que, tendo sido a primeira língua europeia colonial a enraizar-se na Ásia, influenciou consideravelmente as que se lhe seguiram) que nem sempre é bem compreendido.

Este curso centra-se nas consequências linguísticas do estabelecimento do português na Ásia continental e insular e ainda no Pacífico, em termos das transferências mútuas com as línguas autóctones precedentes e, sobretudo, no que diz respeito ao desenvolvimento de variedades nativizadas de português (as quais, curiosamente, permanecem seriamente sub-documentadas) e à formação de línguas pidgins e crioulas. Exploraremos ainda o papel de língua franca que o português aí desempenhou durante séculos, bem como o impacto que se pode ainda observar em diversas outras línguas de contacto da região. No final, espera-se que os participantes compreendam as múltiplas dimensões do enraizamento do português na ecologia linguística da Ásia e do Pacífico, identificando o que já é conhecido e o que falta ainda descobrir.

Professor

Hugo Cardoso licenciou-se na Universidade de Coimbra e tem Mestrado e Doutoramento em Linguística pela Universidade de Amesterdão.

É Professor Auxiliar na Universidade de Lisboa (Faculdade de Letras), tendo previamente trabalhado e lecionado em Macau e Hong Kong.

A sua pesquisa aborda o contacto linguístico envolvendo a língua portuguesa, fez investigação acerca do Saramaccan, uma língua crioula do Suriname, mas estuda sobretudo os crioulos de base portuguesa na Ásia Meridional – os da Índia (em particular, de Diu e da costa do Malabar) e de Sri Lanka –, línguas ameaçadas de que tem feito uma extensa documentação e descrição.

O seu trabalho combina uma perspetiva descritiva sincrónica com um interesse pela história destas línguas e das suas comunidades de origem, bem como por abordagens comparativas.